sábado, 22 de março de 2008

Sociedade e Sistema econômico.

Como já mencionei em meu artigo O Livro Proibido tive aulas com muitos professores de esquerda, aliás, posso afirmar que é impossível se formar em qualquer curso de ciências humanas em universidades brasileiras sem ter uma dose cavalar de marxismo.
Uma das formas de legitimação da luta contra o capitalismo, é a noção de que este sistema econômico não possui ética, sua base está apenas na busca do lucro, seja na fabricação de medicamentos ou no narcotráfico, tudo dependeria apenas de uma variável: a taxa de retorno.
Seguindo esta linha de raciocínio ocorreria uma espécie de Adam Smith às avessas, todos os males da sociedade moderna seriam oriundos da busca incessante e amoral do lucro capitalista. Esta lógica levaria à mercantilização das relações humanas, logo, o individualismo exacerbado seria apenas uma das conseqüências da forma de produção desta sociedade, em última instância, como diria Marx, as formas de reprodução da sociedade determinam as formas de consciência.
Com a aura de cientificismo em que estas questão são lançadas, parece bastante coerente a tese, todavia se trata de mais um grande engodo dos adeptos da tal revolução. Revolução esta, diga-se de passagem, que só trouxe desastres à todas as nações que tiveram o desprazer de experimentá-la.
Indubitavelmente, o capitalismo é um sistema econômico que se guia pela lógica do lucro, entretanto, é a sociedade que determina os benefícios e os malefícios de nossa vida. Portanto, o capitalismo se apresenta de uma forma na França e de outra na Inglaterra, são sociedades distintas, com dinâmicas completamente diferentes.
Sem se desligar do descrito nas linhas acima, vamos trazer um pouco dessa divagação para algo concreto, nossa realidade. Em nosso país, basta rebolar bem e cantar alguns refrões repetitivos que caiam no "gosto popular" que é o suficiente para se atingir o sucesso, estar na televisão, dar autógrafos e muitas vezes ser entrevistado sobre assuntos que nada tem a ver com "sua arte". Sem dúvida o grau de declínio moral e intelectual de nossos dias é algo estarrecedor, sendo um excelente laboratório a céu aberto para que as teorias esquerdistas tomem força. Os mesmos esquerdistas que querem nos passar a imagem de que viver na favela é ótimo, mesmo sem nunca terem morado em uma, ou se um dia moraram, rapidamente se mudaram para a zonal sul.
O ponto que quero chegar é que qualquer sistema econômico se insere dentro de uma sociedade, se nossa sociedade tem seus valores corroídos, é desonestidade intectual atribuir suas mazelas a um sistema econômico. As tentativas de reforma social, implementadas pela totalitarismo socialista levaram milhões a morte e não trouxeram algo novo, a não ser a bancarrota econômica, não reinventaram o ser humano.
O papel da religião e seus valores são imprescindíveis para a coesão social. O cristianismo e sua pregação do bem comum, do respeito ao próximo, a preservação da família são o eixo que sempre nortearam a sociedade ocidental, por isso em um país em que o governador sai com prostitutas cai, em outro ele seria apenas um garanhão.
O ataque aos valores desta sociedade é que promove a desagregação social, e não o sistema econômico por si só. Não estou inventando nada aqui, basta ler um pouco sobre o conceito de hegemonia em Gramsci, para perceber a que estou me referindo.
Dentro do cenário exposto, o que mais me preocupa, é o petismo de batina. Esta "corrente" tenta introduzir Marx na igreja, que são como óleo e água, impossível se misturar, basta ver o caso Polonês para se constatar que a despeito da violência soviética, o totalitarismo foi fortemente derrotado. Neste último parágrafo escrevo explicitamente sobre esta penetração no catolicismo, sobretudo, por seu papel político na América Latina nas últimas décadas com a tal "teologia da libertação".
Para finalizar, o eixo da civilização judaico-cristã ocidental, são os valores da tolerância e do respeito que Cristo nos ensinou. Dentro desses valores o capitalismo floresceu e pôde encontrar sua melhor forma de desenvolvimento. Quebrando o eixo de nossa sociedade, ela desmonta e cada vez mais veremos a periferia ensinar algo ao centro, e não o centro se expandir e incorporar a periferia. A degradação da música e da cultura é apenas o começo.
Allan Cruz é economista.

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