domingo, 2 de março de 2008

Dívida externa e estabilização econômica.

Quem acompanha a política nacional sabe bem o debate acerca do endividamento externo travado no país desde a nossa independência.
A história econômica brasileira pode ser resumida em ciclos de endividamento e moratória convivendo concomitantemente, seja por perda nos termos de troca ou por outros choques exógenos como o do petróleo de 1973 e 1979, o choque de juros no governo Reagan, entre outros.
O choque de juros deflagrado pelo ex-presidente do Federal Reserve Paul Volker e a conseqüente crise do endividamento externo, no início dos anos oitenta, é o caso mais emblemático, pois foi tema constante nas campanhas eleitorais mesmo após o advento do Plano Brady lançado ao final dos anos oitenta que equacionou esta questão.
Durante as últimas semanas tem sido debatido constantemente o nível histórico de reservas que a economia brasileira atingiu tornando possível o “pagamento da dívida”. Evidentemente, não é o feito de apenas um governo e certamente está associado à estabilização econômica e a “nova cultura” de cumprimento dos contratos que se deu com o governo Fernando Henrique Cardoso.
A questão da dívida sempre foi uma fonte rica de discussões sobre as “perdas internacionais”, como Brizola falava sem nunca ter deixado claro o que seriam exatamente estas “perdas”, ou com o chamado “plebiscito da dívida” que teve apoio entusiasmado do PT no ano de 2000 conforme pode-se ver no link: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u34910.shtml . Este “plebiscito” teve um clima de clara oposição ao governo FHC. Não era difícil prever o resultado.
A questão da superação da dívida externa ilustra de forma cristalina o uso político que este tema teve por décadas e que tantos votos rendeu, com os defensores da moratória sendo vistos por muitos como verdadeiros nacionalistas contra a espoliação internacional. Ironicamente, essa posição externa confortável ocorre justamente durante a gestão do partido que apoiou o tal “plebiscito” sobre a dívida, que muitos políticos diziam ser “impagável”. Deve-se ressaltar a importância dessa prova material que o país tinha total condição de superar as crises externas com nossos próprios esforços, ao contrário do que dizia a propalada demagogia. É uma grande vitória contra o escapismo de se atribuir a fatores externos a causa de nossos problemas, e espero que a maturidade política se instale cada vez mais em nosso país até que tenhamos uma agenda pragmática e objetiva em que o populismo seja apenas mais uma página de nosso passado.

2 comentários:

Daniel Souza disse...

Olá Allan,

Muito bom. Se você permitir, publico no VIDE ainda essa semana.

Iwaloo disse...

Esse populismo sempre pregou que os Estados Unidos era o vilão a ser combatido, e que as mazelas do nosso país se deviam ao imperialismo do tio Sam. Porém, apesar da dívida, externa ou interna, o presidente Lulla jamais deixou de fazer benesses aos outros países tanto da África quanto aos países sul-americanos, distribuindo dinheiro arrecadado com os nossos suados impostos.