segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Receita para o Socialismo.

Esta reportagem é bastante interessante. Ela ilustra bem o caminho que o socialismo leva, aliás, esse filme é antigo e foi visto no Chile de Allende, na antiga União Soviética, no leste Europeu e o caso extremo, durante a grande fome na China.
Nossa vizinha Venezuela ainda não degringolou a tal ponto, no entanto, já apresenta alguns desses sintomas. A reportagem foi publicada no portal de O Estado de São Paulo:

http://www.estadao.com.br/internacional/not_int122810,0.htm
América Latina
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008, 15:50 Online


Chávez ameaça desapropriar fábrica da Nestlé e Parmalat

Presidente tenta encorajar a produção de empresas do setor privado com medidas como aumento de preços
Reuters


CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou fechar fábricas de leite da suíça Nestlé e da italiana Parmalat, se elas prejudicarem o fornecimento da matéria-prima para as fábricas estatais no mercado.
Reforçando o abastecimento do setor privado com empresas estatais, Chávez procurou este ano acabar com a escassez crônica de alimentos, incluindo leite, que está afetando sua popularidade.
O presidente vem tentando encorajar a produção de empresas do setor privado com medidas como aumento de preços para alguns bens regulados, mas economistas temem que sua retórica persistente contra produtores possa minguar os investimentos e minar seu objetivo.
Em seu programa semanal de TV, Chávez reclamou que fábricas administradas pelo Estado ou cooperativas não puderam elevar a produção porque estavam com dificuldades de obter leite como matéria-prima.
"Não fazemos nada instalando fábricas (estatais e cooperativas) se depois não tem leite para as fábricas porque ele foi todo pego pela Parmalat ou Nestlé", disse Chávez. "Este governo precisa tomar alguma medida a respeito", acrescentou.
"Se, por exemplo, a Nestlé ou a Parmalat... se demonstra que por meio de diferentes mecanismos econômicos ou de pressão ... deixam fábricas estatais ou cooperativas sem o leite necessário... então teremos que usar a Constituição para intervir e expropriar as fábricas", afirmou o presidente.

Ameaças

Chávez frequentemente faz ameaças contra o setor privado sem depois concretizá-las. Mas no ano passado, ele nacionalizou setores-chave da economia, como o setor de petróleo e serviços públicos, num esforço para construir um Estado socialista.
No país, integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e beneficiado pela alta no preço do produto, até simpatizantes de Chávez estão apreensivos com as prateleiras vazias e longas filas nos supermercados. Tem havido escassez de produtos como açúcar, ovos, carne e especialmente leite.
Economistas afirmam que os produtores estão tentando suprir a demanda, mas a burocracia e as políticas de Chávez, particularmente o controle de preço e moedas, atrasam seus negócios.
O presidente, que chama o capitalismo de demônio, culpa a ganância das empresas por parte dos problemas da economia.

O Brasil também teve uma experiência amarga com o controle de preços. Durante o Plano Cruzado, presenciamos cenas épicas, de fazer inveja a qualquer filme de faroeste, de bois sendo laçados nos pastos.
Na teoria econômica, os preços são vistos como uma espécie de sinalização do mercado de acordo com a escassez, simplificando, é a antiga lei da oferta e da procura. Caso o Estado determine um preço que os produtores não aceitem, invariavelmente ocorrerá desabastecimento, haja fiscalização pra laçar boi, ou no caso venezuelano, ordenhar as vaquinhas... Outro fator é a confiança, se o empresário fica sempre na expectativa de ser expropriado, para utilizar uma expressão marxista rs, não há investimento.
Evidentemente que há setores na economia que o Estado deve regular, nem todos tem um certo grau de competição que permita a liberdade de preços, entretanto, em uma economia de mercado, a regra é a liberdade, o restante é exceção.
Irei abordar mais vezes, mas no livro A Era da Turbulência, de Alan Greespan, ele conta a experiência de encontros com economistas do leste, na época da transição para a economia de mercado. Na Polônia, por exemplo, as prateleiras encontravam-se vazias e tomou-se uma decisão radical que foi a de liberalização geral de preços. Primeiramente, os preços explodiram, e o abastecimento foi se regularizando, passando a impressão que poderia ser ruidosa a transição, mas logo em seguida os preços passaram a se ajustar e as prateleiras foram inundadas de produtos.
Para finalizar, pelo visto a receita para o socialismo do século XXI do presidente Chavez, não contempla leite, açúcar, ovos e carne.

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