domingo, 10 de maio de 2009

O Controle de Preços Chavista

Publiquei mais um artigo no site do Vigilância Democrática.
Reproduzo-o logo abaixo.

O Controle de Preços Chavista



Escrito por Allan Cruz
Sáb, 02 de Maio de 2009 00:00
Quem tem acompanhado a situação venezuelana observa uma espécie de sovietização da economia daquele país. A Venezuela já vem desgovernada há muito tempo, com inflação crescente.Apesar da crise venezuelana ser muito mais antiga, coloco um texto publicado no portal G1 em fevereiro do ano retrasado http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL7958-5602-480,00.html quando o petróleo estava com forte tendência de alta. Coloco um trecho da reportagem:
"Vendo os preços subirem e as prateleiras vazias, Chávez, há 13 dias, ameaçou estatizar açougues e supermercados que vendem acima do preço tabelado. Acusou os Estados Unidos de organizarem uma "conspiração" e disse que começaria a expropriação pelas empresas maiores do setor alimentício. Afirmou que aguardava apenas "um bom motivo" para começar".

Portanto, mesmo em uma conjuntura altamente favorável para a economia daquele país, a administração do coronel conseguiu a proeza de ter inflação crescente e desabastecimento. De lá para cá a situação política se deteriorou ainda mais com a bipolarização crescente daquela sociedade, acrescente-se a esse cenário que agora com a crise internacional e a queda do preço do barril de petróleo, a situação econômica e a reboque a política, tende a piorar. Talvez por isso Chavez “deu rapidamente a oportunidade” do povo daquele país aprovar a reeleição indefinida, em virtude do curso inexorável da fragilização de sua popularidade.Como vimos na reportagem do G1 o governo adotou medidas para conter a inflação, afinal, a aceleração dos preços é impopular por ser um grande imposto, sobretudo para os mais pobres. A principal medida é o controle de preços, que é algo que nunca e jamais dá certo sequer a médio prazo, pois com o tempo os setores que não tem uma remuneração adequada param de produzir ou na melhor das hipóteses partem para o mercado paralelo ou fazem "inovações" de forma a sair do controle de preços. Exemplo, se você controla o preço do arroz branco a empresa cria um arroz "azul" e o vende ao preço que bem entender, neste caso ocorre o desabastecimento do arroz branco. Em resposta o governo radicaliza, ameaça e toma medidas legais como expropriar empresas de forma a dissuadi-las a partirem para o mercado paralelo ou burlarem o controle estatal. O processo se retroalimenta e pode levar as empresas a quebrar o que amplia o desabastecimento e a estatização de toda a economia como num círculo vicioso como podemos verificar em outra reportagem do G1 essa agora de fevereiro de 2009: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL1022220-9356,00.html . Separo um trecho para análise dos leitores:
"Eu ordenei a imediata intervenção em todos esses setores da agroindústria, intervenção do governo revolucionário", afirmou o presidente venezuelano durante um discurso que comemorou os 20 anos da insurgência contra a inflação descontrolada na Venezuela”.
Evidentemente, o controle de preços causou desabastecimento e ao invés do governo daquele país procurar alguma saída que respeite a lei de oferta e procura, o presidente partiu para a sovietização, solução que nem a Rússia que era a maior república soviética ousa atualmente adotar, pois aprendeu dolorosamente que só aprofunda a crise.A tomada de controle dessas empresas por parte da burocracia chavista irá piorar o desabastecimento e o controle de preços paralisará ainda mais aquela economia. Até que um dia se redescubra a roda e libere os preços, quando terá uma explosão inflacionária, pois um setor tentará remarcar os preços à frente do outro como em uma espécie de espiral inflacionária. O pior é se a administração daquele país decidir aplicar uma dose ainda maior do remédio que não está funcionando estatizando completamente aquele economia. Ainda mais preocupante é se o governo daquele país tiver realmente em mente o objetivo de total estatização, trazendo de volta a experiência soviética pós 1917 ou a chinesa pós Mao.Entretanto, governo nenhum se mantém com inflação e desabastecimento, salvo em casos históricos de totalitarismo. Como sou otimista e naquele país há uma oposição feroz na luta contra a radicalização do regime, acredito que o coronel esteja com seus dias contados e que em breve a Venezuela encontrará uma verdadeira democracia representativa superando a era Chavez. Nos resta rezar.

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